sábado, 13 de abril de 2019

Leitura #4: Tao Te Ching

O Tao Te Ching (do Curso e sua Virtude) é um texto profundo e ao mesmo tempo simples porque apresenta por meio da linguagem aquilo que se experimenta na sua ausência. A profundidade é o próprio caminho do mistério, a experiência do sagrado que corresponde à vivência espiritual.

A simplicidade, um dos três tesouros dos ensinamentos de Lao Tse, conduz à naturalidade que orienta o indivíduo no macrocosmo. Os três tesouros segundo a tradição taoísta são: humildade, simplicidade e afetividade. A seguir um trecho:

CAPÍTULO XXII

curvando           então fica inteiro

retorcendo           então fica direito
esvaziando           então fica pleno
desgastando           então fica novo
sendo pouco           então é obtido
sendo demais           então é perturbador

assim

o homem santo abraçando o uno
torna-se modelo sob o céu

não se exibindo           então brilha
não se afirmando           então figura
não se vangloriando           então tem mérito
não se enaltecendo           então perdura

só por não disputar
sob o céu ninguém pode com ele disputar

o adágio antigo: "curvando então fica inteiro"
como pode ser palavra vazia?


em verdade integra nele reintegrando

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Portanto, a leitura do Tao Te Ching implica um desafio: esvaziar-se e ser natural como a água que flui no vale. O desvendamento do texto deve fluir gradualmente, levando à contemplação de suas palavras.

Se estas não parecem suficientemente claras, isso se deve ao fato de a sociedade contemporânea, na qual prolifera o pensamento, dificultar a ampliação da consciência. Nesse contexto, a contemplação já é por si um ato transgressor.

Esta obra foi traduzida por Mário Bruno Sproviero, do departamento de línguas orientais da USP, e apresentada como parte de sua tese de livre-docência "Laozi e a Reversão do Reino do Homem".

Fonte neste Link

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(Anderson Kaspechacki)

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