DO VALE DOS CAÇADORES DE SONHO.
Segue pequeno trecho da obra escrita por Mary Orser e Richard Zarro.
Você está de pé na entrada do Vale dos Caçadores de Sonhos, com seus amigos e outros membros do grupo de caçadores. Alguns dos homens e das mulheres montados em cavalos, outros verificam os arcos e flechas, enquanto você está na entrada do Vale, tentando enxergar através da bruma e do denso nevoeiro.
O solo está coberto com uma fina camada de neve caída durante a noite, e você pode ver a exalação branca que sai da narina dos cavalos e da boca dos amigos. Você faz uma oração, pedindo ao seu guia pessoal para protegê-lo e abençoar sua aventura, ajudando-o a encontrar novos solos de caça do outro lado desse vale estreito coberto de brumas. Tanta confiança foi depositada em você pelo seu povo, tanto amor foi-lhe dado!
Sua égua puro-sangue de cor branca, Knowhoa, cujo nome significa "Velocidade do Espírito Superior", o cutuca e bate o casco no chão.
Ela está ansiosa por seguir adiante, levando-o ao seu destino. Você a acalma, alisando sua cabeça, enquanto se pergunta se as lendas sobre o Vale dos Caçadores de Sonhos são verdadeiras. Alguns dos que entraram no vale jamais retornaram.
A lenda reza que quando um ser humano entra na bruma ele tem dez mil sonhos e pode ficar perdido para sempre, vagando pelo nevoeiro, deixando de lado o sentido de seu objetivo: levar adiante sua busca e chegar ao outro lado do vale, onde a grande montanha promete alimento e um novo lar para todos.
Enquanto tira as flechas do carcás, você verifica a dureza de cada uma delas. Em seguida, observa seu arco mágico, que lhe foi dado pelo famoso mestre Metanoia, que o escolheu dentre centenas de homens e mulheres que haviam ido buscar sua sabedoria e capacidade.
Você era apenas um adolescente quando seu pai o incentivou a tentar, mesmo que a maioria dos outros aspirantes fossem mais velhos. Após o teste básico de arco e flecha, muitos foram eliminados. O velho mestre Metanoia pediu aos que restaram que ficassem de pé sobre uma das pernas, até que só restaram você e mais quatro finalistas. Todos os outros, por causa do cansaço, abaixaram o outro pé.
Você ficou tão contente, que mal podia se controlar. E seus pais ficaram muito orgulhosos de você. Todos os outros concorrentes eram muito mais velhos, e mesmo que você não conseguisse chegar até o final da competição já era um vencedor. Metanoia, velho e manco devido a uma lesão no quadril, sentou-se sobre um velho tronco de árvore e pediu que os participantes se aproximassem para responder a perguntas, para que ele decidisse quem seria seu novo discípulo.
À primeira mulher ele perguntou: ''O que você vê?".
Ela respondeu: "Vejo o vale diante de nós, a montanha, o céu, as árvores e alguns pássaros nas árvores".
O mestre Metanoia disse: ''Não é o suficiente".
Pedindo ao próximo aluno que se aproximasse, ele perguntou: "O que você vê?".
"Vejo o vale diante de nós, a montanha, o céu, uma árvore com um pássaro e você, no canto do meu olho", respondeu ele.
"Não é suficiente", disse o mestre. "Quem é o próximo?"
O terceiro participante, uma mulher forte, caminhou confiantemente em sua direção.
"Então, o que você vê?"
Após um momento de silêncio, ela respondeu: "Venerável mestre, não posso vê-lo, mas ouço sua voz. Vejo apenas a árvore no campo e um pássaro no galho".
"Pode ir. Você também falhou", disse Metanoia, desapontado.
O quarto aluno em perspectiva recebeu a mesma pergunta.
Ele respondeu: ''Vejo apenas o galho da árvore e o pássaro".
"Você também está eliminado. O próximo."
Então, lentamente, você foi em direção ao mestre meio animal, meio humano, com o rosto cheio de rugas. A multidão riu, mas você nada percebeu, a não ser os olhos hipnotizadores e profundos do velho Mestre, quando ele finalmente fez a pergunta.
Você olhou ao redor e disse: "Vejo apenas o pássaro, venerável mestre".
"Ah", disse Metanoia, "olhe com mais cuidado!"
Você sentiu uma sensação inesperada percorrer seu corpo e tudo mudou. Você olhou ao redor e tudo estava igual, porém diferente. Tudo estava mais claro, mas distinto. As cores eram mais vibrantes. Seu corpo estava diferente. Pouco depois, você respondeu: "A marca vermelha no centro da cabeça do pássaro é tudo o que vejo!".
"Meu jovem, você será meu aluno. Ensinarei a você como ser o alvo e não o arco. Assim, você nunca errará, pois já estará lá."
Isso foi há muito tempo. Agora você é tão famoso quanto o fora o Mestre Metanoia, e alunos o procuram para segui-lo. Mas hoje ninguém o acompanhará ao Vale dos Caçadores de Sonhos. Pode ser perigoso, e você não quer arriscar a vida de ninguém, a não ser a sua própria.
Você está pronto, sobe no cavalo, volta-se e se despede, e entra a galope pelo forte nevoeiro, desaparecendo como se tivesse sido engolido por uma nuvem branca. Você e seu cavalo são um só, um movimento muscular único, uma só respiração.
Pouco tempo depois, o denso nevoeiro assume várias formas azuladas, e você ouve uma voz, vinda de nenhum lugar e de todos os lugares. Às vezes, parece-se até com a voz do seu antigo mestre. Quem sabe seria o seu espirito? Uma música sobrenatural começa a tocar e a voz diz...
Nasci sob o signo de Capricórnio.
Aceito plenamente seu poder, potencial e dons.
Sou o Sábio do Universo.
Sou o Vidente do Zodíaco.
Vejo agora o futuro.
Lembro-me do futuro.
Aceito os poderes curativos e mágicos
que tenho e usarei
em meu benefício e no dos outros
no que achar apropriado.
Adapto meu entusiasmo.
Sou otimista,
confiável.
Sou amigo, honesto e versátil.
Meu senso de humor é sutil.
Faço amigos aonde quer que vá,
com facilidade,
em casa ou quando estou viajando,
porque sou honesto e independente,
incentivador e confiante,
idealista e imparcial,
justo e leal.
Sou afetuoso, otimista e solidário.
Almejo as estrelas.
Projeto a alma em direção à pátria.
Aumento a percepção e a força vital.
Concentro minha atenção nos céus superiores.
Sou o Aventureiro.
Aprecio o desconhecido.
Amo o inexplorado.
Aspiro ao espírito da verdade e
viajo em direção a objetivos definidos e distantes.
Sou aquele que libera a Flecha da Iluminação.
Aumento e expando os horizontes do universo.
Procuro sempre o teste dos limites e desafios.
Sou devotado à verdade.
Abro novas dimensões.
Seduzo a verdade, o novo conhecimento.
Avalio a moralidade à luz da superconsciência.
Sou o holofote do espírito.
Penso grande.
Vôo alto para encontrar a perspectiva perfeita.
Preciso da imagem completa
para a frente e para cima
sempre, a espiral eterna,
e lanço minha flecha firmemente na direção do alvo.
Vejo o objetivo,
ouço o futuro agora,
compartilho o futuro,
acredito no futuro.
A vida se abre para mim sempre em novas dimensões
e novos campos e novas esferas.
Dirijo minhas energias para o alvo central
porque sou o Arqueiro.
Meu arco me impulsiona, a seta me faz ir adiante,
vôo centralizado e verdadeiro, concentrado em uma direção.
Dentro de mim, as idéias do universo nascem.
Ilumino o intelecto com a luz do espírito.
Deixo as trevas.
O futuro não me amedronta,
apenas o maravilhoso e o misterioso
levam-me adiante.
É o meu destino que me chama.
Agora! Agora!
Agora escolho
planejar meu futuro
numa dança equilibrada
entre o conforto e o desafio.
*
*
(Anderson Kaspechacki)
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